segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Retrato do Caos

O Haiti, país da América Central localizado em uma área de acomodação entre as placas tectônicas do Caribe e Norte-Americana de grande instabilidade sísmica, foi acometido por um terremoto de 7,3 graus na escala Richter, configurando uma das maiores catástrofes já vistas pela humanidade.

Para tentarmos compreender melhor a magnitude dos últimos acontecimentos é preciso conhecer um pouco dos processos históricos e sociais que levaram a formação do Haiti. Antiga colônia de exploração, como nós brasileiros, sofreu com todas as cóleras deixadas por esse passado. Foi o primeiro país das Américas a abolir a escravidão, resultado da maior rebelião negra da História, que garantiu também a sua independência. Apesar de independente politicamente, o Haiti nunca conseguiu sua independência econômica sendo sempre um pequeno peão agroexportador no jogo político e econômico mundial. As conseqüências destes processos não são muito diferentes daquelas vistas em tantas ex-colônias, uma extrema dependência econômica aliada a uma pobreza bestial mantida por uma pequena elite local que garante todo o suprimento para sustentar a bonança e sanidade das economias dos países centrais.

Sua população, constituída quase que na totalidade por negros, sofre com a fome e a pobreza. Segundo dados da ONU, mais de 75% da população vive abaixo do nível da pobreza, 70% dos haitianos estão desempregados, milícias armadas controlam vários pontos do país, incluído bairros inteiros da capital Porto Príncipe. É o país mais pobre de todo o continente americano, mais de 380 mil crianças são órfãs e vivem sem a menor perspectiva em abrigos mantidos por organizações internacionais como a Cruz Vermelha.


É nesse quadro que a natureza, alheia a toda atrocidade feita pelo homem, deixa escapar um dos seus mais poderosos fenômenos sob as terras já castigadas do Haiti. O resultado está estampado diariamente nos jornais e revistas de todo mundo, destruição total. O país que já sofria pela total precariedade, hoje sofre com o caos, corpos espalhados pelas ruas, falta comida, falta água e, principalmente, humanidade. Pessoas correm pelas ruas sem rumo apenas orientadas pelo extinto de sobrevivência a procura de comida, água e um abrigo seguro e nada me vem a cabeça nesse momento senão a barbárie.

Não vamos ser ingênuos de culpar a natureza, que nos oferece as condições fundamentais para a vida, desse desastre que é antes de tudo humanitário. Pergunto agora o que fazer? Ajudar enviando alimentos, remédios e produtos de higiene? Acho que sim, mas precisamos de algo mais! Temos que pensar e quem sabe construir um mundo em que não existam mais “Haitis” e que países como EUA, Inglaterra e França, que acumularam e acumulam riquezas as custas da miséria alheia, deixem de ser referência de civilidade e passem a ser exemplo de exploração, dominação e injustiça.

Ele

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