quinta-feira, 17 de junho de 2010

Para a Copa pode!!!

Na última terça-feira (dia 15/06) após o jogo da seleção brasileira estava caminhando pelas ruas do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, e me deparei com uma multidão encarnada em verde amarelo inundando as ruas de alegria. Não mais que de repente, uma pergunta varreu meus pensamentos: o que legitima a paralização e a desordem do trânsito; a realização de shows em pleno dia útil e a ocupação dos cidadãos de espaços outrora ocupados apenas por automóveis?

Para responder a esta pergunta procurei na internet, em sítios vinculados as grandes corporações midiáticas do país, algumas reportagens que versavam sobre o assunto.


Alzirão vai ter shows de funk e samba

Várias ruas do Rio servirão de cenário para a torcida dar um “empurrãozinho” à seleção brasileira na conquista pelo hexa. Equipadas com telões e palcos para shows de funk e samba, a rua Alzira Brandão, mais conhecida como Alzirão, na Tijuca, na Zona Norte, espera receber mais de 30 mil pessoas na terça-feira (15), quando o Brasil estreia no mundial enfrentando a Coreia do Norte. A festa também promete se estender pelos outros bairros da cidade. A Secretaria municipal de Transportes fez um esquema especial de trânsito.

Em Copacabana, o monitoramento de trânsito começará cedo, a partir das 6h30 de terça-feira (15), 160 PMs, 90 guardas municipais e agentes da Secretaria de Ordem Pública (Seop) vão atuar no trânsito para evitar tumulto nas proximidades da Arena Fifa Fan Fest, na Praia de Copacabana. Também no mesmo bairro, a Rua Miguel Lemos terá reforço de guardas e PMs, para auxiliar na concentração de torcedores pelos bares da rua.



SP: Ministério Público não impedirá manifestação dos professores

De acordo com o Promotor José Carlos de Freitas, o Ministério Público não impedirá a manifestação de professores que será realizada pela Apeoesp, na Av. Paulista. A passeata deve ocorrer nesta sexta-feira, dia 12, como o previsto. O promotor analisou o Ofício da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e afirmou que não tem como impedi-los de exercer o direito constitucional. "Juridicamente eles estão corretos. O problema é se explorarem o limite do vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) causando transtorno ao trânsito e pessoas", afirmou.

A Apeoesp comunicou a CET com antecedência sobre a manifestação que deve ficar no limite do vão livre do Masp. Segundo o Promotor, isso por si só, não causa violação aos direitos. Se a manifestação passar do limite do vão livre como o estipulado, o Ministério Público vai ingressar com ação e a Apeoesp será punida. "Em 2005 eles já tiveram uma condenação por esse motivo, inclusive, eu a estou executando. Temos também uma outra ação em curso de 2008", disse José Carlos de Freitas.



Essas duas notícias apontam uma contradição básica no que diz respeito a ocupação do espaço público. A primeira notícia dá conta de toda infra-estrutura montada pelo Estado e pela iniciativa privada para, nas palavras do repórter, dar um “empurrãozinho” à seleção brasileira. Na segunda reportagem podemos observar o acionamento do ministério público, a fim de impedir a manifestação dos professores sob a justificativa de paralisação do trânsito.

Se não me engano os dois eventos paralisaram e causaram efeitos significativos à rotina do trânsito das duas cidades e ambas lesaram em diversos níveis algumas necessidades individuais de muitos cidadãos. Então volto a perguntar: porque o Estado, a imprensa e a sociedade de uma forma geral apóiam determinadas manifestações públicas e condenam veementemente outras?

Fica evidente o direcionamento dado pelo aparelho do Estado, ideologicamente legitimado pela grande mídia, para as manifestações populares. Ao passo que somos educados e doutrinados a acreditar que qualquer tipo de reivindicação ou pressão popular é uma estratégia de desocupados que põe em risco a ordem social. Em outras palavras, isso quer dizer que só temos direito a cidade quando somos zumbis curtidos em álcool pouco preocupados se naquele instante tem alguém morrendo de fome, subempregado ou vendendo o corpo por algum punhado de moedas em busca da sobrevivência.

É importante deixar claro que não sou contra a copa do mundo e, muito menos, contra esse tipo de manifestação social. Acredito que devemos ocupar as ruas, reconquistar o que é nosso, reivindicar por uma maior dignidade, pelo direito a diversão, pelo direito a democracia, ou seja, pelo pleno direito a cidade!


Ele

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