Recolhendo Pedaços que Nunca Voltam
Sinto hoje uma dor no
peito,
meus olhos estão
pesados
e minha cabeça
parece não concatenar
mais os pensamentos.
Seria mais uma
derrota? Será que nunca vamos ganhar?
Caminhamos no
deserto, sem ponto de referência,
o membro mais forte
do senso comum nos faz andar em círculos.
A cortina das
aparências por vezes
serve como um belo
adorno para a realidade,
mas hoje são retalhos
que a tornam mais cruel.
Fecho os olhos e as
poucas lágrimas caem,
logo penso: “ainda
não estou seco”
a vacina que nos
torna imunes parece que ainda não fez efeito.
Tenho de me recompor
e juntar os pedaços,
Mas alguns eu não
encontro, estes nunca mais farão parte de mim.
Ergo-me diante da
realidade, novamente estou disposto a descortina-la
e ávido por
transformá-la.
Sou um escravo da
minha liberdade!
Livre por ter
consciência da necessidade,
livre por encontrar
no outro o fundamento,
os pedaços que acabei
de perder.
Ele.